TUDO APETECE AO HOMEM

Apetece ao homem,
pássaro de nuvens e varais,
voar com asas que não há,
a transformar hiatos brancos
em texturas figuradas.

Apetece ao homem,
matraca de juncos e florais,
andar por telhados que não há,
a regozijar verbos voláteis
nos vazios das procelas.

Apetece ao homem,
barca de lumes e punhais,
navegar por mares que não há,
a ondular rotas geométricas
nos ventos dos ocasos.

Apetece ao homem,
jardineiro de sombras e catedrais,
crer em posteridades que não há,
a projetar vida e glória eterna
em paraísos de paz.

Tudo apetece ao homem,
fulge e fulgo neandertal,
que vive e morre
em obesidade mórbida,
em seus próprios chãos
de pedras raiadas.

Péricles Alves de Oliveira
Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)
Enviado por Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent) em 09/12/2013
Reeditado em 09/12/2013
Código do texto: T4604779
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.