Henry, você me fodeu a vida (lamúrias de um jovem bêbado a um velho)
E eu que não choro
Fiz-me em lágrimas,
É choro preso,
É grito preso,
Vida presa.
Isso acaba comigo,
Não posso mais beber sem que isso me torne um ser social
Consciente de tudo em minha total inconsciência.
Em minha falta de sobriedade física
Vejo-me humano,
Vejo-me sem um tostão no bolso
E com toda essa ideologia de que vou mudar alguma coisa.
Acendo um cigarro,
Suspiro sentado na calçada
Que outrora me levava para a escola.
Hoje não tem lua,
Não entendo essa necessidade dos bêbados de olharem a lua,
Pedra por pedra
Vejo as da calçada.
Termino meu cigarro
Deixei-me queimar a ponta dos dedos
Já não os sinto tanto,
Em compensação
Tenho sentido muito.
Vou parar de beber,
O tiro saiu pela culatra
Tentei afogar todo esse meu sentimentalismo,
Mas quem acabou submerso fui eu.
Última(s) dose(s)
É dose.