A cor da poesia
Branco é branco
preto é preto
Inútil tentar enganar,
inútil esconder o sol
inverter a cor.
O branco ao sol é branco
o preto à luz é preto
O sol existe, eu sinto
e quando não está
o céu é cinza.
Cinza; nem branco, nem preto
apenas cinza.
Quando o céu é cinza duvido,
outras cores dão margem ao erro
me sinto iludido, confuso, perdido
quem sabe feliz
Mas o sol volta feliz
e tudo volta em branco e preto
e não há como fugir do preto,
não como voltar ao branco
Não há como tornar o preto , branco
não há como tornar o branco , preto.
A vida é branca e preta
A morte é preta e branca
Vida e morte são brancas e pretas
Estão juntas as cores, a morte e a vida
são desiguais.
As outras cores morrem na morte
é branca ou preta
As outras cores vivem na vida
Mas não há contradição,
não tem como disfarçar
já não tem como inverter
Mas a palavra, a retórica
dos donos da terra
contam a história invertida
onde o preto é branco
e o branco é preto
Mas branco é branco
preto é preto
pobre é pobre
rico é rico
Podem inverter... que ai vem a nossa poesia lúcida
em branco e preto.