ANSIEDADE

Uma ânsia de velejar...
Toma conta do espirito,
Ânsia de ouvir,
O vento soprar...
De sentir,
O balanço do mar,
De se sentir,
Uma porção do infinito,
Ânsia de mudar,
O verbo contemplar,
Pelo verbo ir...
De simpatizar,
Com a loucura,
Evocar de Ulisses, a bravura,
Fazer o barco chiar...
Sobre o mar, sob o céu,
Rumo ao desconhecido.
Mas, não passo de um sonhador,
Logo sou seduzido,
Pelo temor,
Retomo meu olhar abstrato,
O meu limitado lugar,
De cidadão pacato,
Só navego para o meu interior,
Ou no descompor,
De um barquinho de papel.


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Vou libertar as amarras,
cansei de viver a sonhar,
vou me desfazer das garras,
sobre as ondas, velejar!
Nesse mar que eu amo tanto,
sentir a brisa me tocar,
me envolver no doce encanto,
deixar o vento me levar!


(Esther Ribeiro Gomes)