Tenho medo!

8)

TENHO MEDO!

Guida Linhares

Tenho medo de ter medo

da insensatez que gira no mundo

e dentro dela não conseguir

discernir o certo do errado,

presa de um tsunami de emoções.

Tenho medo de ter medo

de amar de novo e sofrer

silenciosas angústias por tudo

que não foi dito e sentido,

e de repente aflorado.

Tenho medo de ter medo

de encarar a doença se ela chegar.

E lidar com dores e dependências,

além do acréscimo que já carrego,

de um zumbido permanente.

Tenho medo de ter medo

de andar na rua sózinha

e assim prender-me atrás das grades

da janela que me encerra

entre quatro paredes que me aprisionam.

Tenho medo de ter medo

que a violência atinja aqueles que amo,

a cada vez que vejo em noticiários,

os assustadores espectros

que nos rondam diuturnamente.

Só há uma unica coisa,

da qual não tenho nenhum medo.

De quando chegar a hora da partida,

por estar de bem com a vida,

por tê-la vivido em toda a sua plenitude.

Santos/SP

21/04/07

Participação no octeto sobre o tema "Eu tenho medo" iniciado pela querida amiga poetisa Sonia R.

1)

EU TENHO MEDO!

Eu tenho medo de ruídos estranhos

de sirenes na noite que acordam sonhos

de relâmpagos que acendem nuvens

de palavras soltas, de apelos inúteis.

Tenho medo das miragens

das sombras que o sol estira no final do dia

depois de um tanto e incontido brilhar.

Tenho medo das temperaturas imprevistas

das rinhas e das inconstâncias

e do jeito, tão meu, de buscar telhas partidas

nos tetos altos das quimeras

só por uma nesga de céu.

Sonia R.

***

2)

ESQUECI MEUS MEDOS

Cleide Canton

Esqueci meus medos

nos primeiros tombos que levei,

nas lágrimas que derramei,

nas feridas que eu mesma curei...

Sou resto de mim...

Apenas a parte

que não foi maculada

pelo ardor de promessas falsas,

nem corrompida

pelo veneno de amores insensatos.

Sou apenas o contexto

numa infinita explicação de razões

que se perdem nessa "nesga de céu

onde buscas as telhas partidas

nos tetos altos das tuas quimeras".

SP, 19/04/2007

13:20 horas

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3)

Quisera ter medo, quisera!

Não pude ter segredos,

minhas ferida são abertas,

sirene faz parte do sono,

não sei o que seria sem ela,

nos avisa desde criança

que o bicho-papão não some,

está vindo e avança..

Não, não quero olhar o céu,

ele risca amarelo antes da explosão

e sinceramente eu quero me esquecer dela.

Daí dizer de ante-mão

quisera ter medo, quisera!

rivkahcohen

****

4)

MEUS MEDOS

José Carlos Barbato

19/04/2007

meus medos são...

de perder o tempo de viver

intensamente um amor e a vida...

de perder o equilibrio das emoções...

toda civilização atropela o Ser...

esquecem de um Amor Uno em Deus !

de perder o tempo de Amar

no esplendor do viver da liberdade

do Ser !

Vamos nesta, viver a vida com:

a verdade, liberdade, e felicidade

três palavras ligadas entre si...

quem vive a verdade é livre...

quem é livre é feliz ...

e quem é feliz tem tudo... O Amor

sem medos ...

santos/sp -Barbato

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5)

TIVE MEDO

Mifori

"Quero conhecer o mundo com você!"

Assim que tracei metas e objetivos,

Tive medo e senti um grande tremor.

Ao rever a minha vida e minha trajetória

Conclui que medo se vence com o amor!

Resolvi concretizar os meus sonhos!

Dominar meus medos enfadonhos!

Lembrei-me que tive medo de nascer,

Tive medo de andar, de ouvir, de falar.

Mas aprendi caminhar, saltar e correr!

Lembrei-me que tive medo de crescer,

De fazer amigos, de ir à escola, de agir!

Mas aprendi com a vida que pude viver!

Como é bom ouvir vozes, sons, sorrir,

Ajudar as pessoas, ensinar e cantar!

Lembrei-me que tive medo de no trabalho,

De ser humilhado, fraquejar ou ser exaltado!

Tive medo de não ser aceito pelo grupo,

De não encontrar fórmulas ou atalhos,

Para os desafios, com os meus trejeitos!

Tive medo de me doar, de construir um lar,

De errar ao educar meus filhos para a vida!

Mas, aprendi com a vida, que ela nos ensina

A viver alegre, sem sofrimento e sem dor!

Banimos o medo se o trocamos pelo amor!

"Se tive medo de nascer, aprendi com a vida, a viver feliz, sem medo de morrer. (Mifori:05/09/02)".

*****

6)

TENHO MEDOS

*Aurea Abensur*

(Orinho)

Tenho medos,

De querer soltar meus sons

Gritar bem alto pro mundo

Romper com este afogamento de sonhos

Abraçar só que a vida tem pra me dar

E voar...

Tenho medos,

De não querer mais contar as horas

De dores para suportar

Quero um chão seguro para sentar

Deixar cair livremente minhas lágrimas

E meu coração lavar...

Tenho medos,

De ter que implorar a um irmão de alma

Para comigo caminhar

Com passos suaves

Esperando não o paraíso encontrar

Mas um motivo ter para brindar

Salvador, com medo...

****

7)

Meus medos

antoniA NERY Vanti

Meus medos giram ao redor de mim

como mariposas ao redor da luz.

Tenho muitas vezes, medo do escuro

onde as sombras parecem espiar-me

e ler meus pensamentos.

Tenho medo claridade demasiada

que desnuda meus sentimentos,

imiscuindo-se em meu íntimo,

descobrindo meus segredos.

Tenho medo de viver,

nesse mundo poluído

mas também tenho medo de morrer,

por desconhecer o que a todos

é desconhecido.

****

9)

MEDO DO MEDO

Luiz Poeta – Luiz Gilberto de Barros

Tu tens medo até das sombras...

Que pobre é teu coração,

Que enxerga o que não existe,

Tu vives de dedo em riste

Apontando uma agressão.

Tu tens medo até dos medos,

Que triste é tua emoção,

Uma víscera aberta

Que torna tua vida incerta,

Um texto sem conclusão.

Até quem te estende a mão

Apresenta um defeito,

Tu vives insatisfeito,

Sem rumo, sem direção;

Que pena... se confiasses

Em ti, e te aceitasses;

Se apenas te completasses,

Não terias solidão.

Direitos Autorais Reservados

***

10)

MEDO

Jorge Linhaça

Medo é coisa que acomete

sem hora prévia marcada

insegurança que nos remete

à solidão das madrugadas

Fobias tantas e diversas

pesadelos feitos tão reais

fantasias tão desconexas

que não terminam jamais

Medo, quem te quer, ó medo?

Onde vais nos levar afinal?

Qual é esse teu cruel segredo?

Estampas em folhas de jornal

da sociedade o total desapego

total desamor de forma cabal.

***********

11)

Tenho Medo

Por Vanderley Caixe -

tenho medo do meu silencio,

tenho medo das palavras que eu não disse,

tenho medo de ter medo,

tenho medo desse enredo, dessa mesmice.

tenho medo desse sonho calado,

tenho medo de calar esse grito de horror,

tenho medo dos apóstolos ajustados,

tenho medo do meu comportado pavor.

tenho medo que essa vaga me incrusta,

tenho medo de ser um sujeito formatado,

tenho medo que me botem saia justa,

tenho medo de me fazer bitolado.

tenho medo que eles pensem que tenho medo

de denunciar a matança de homens, mulheres e crianças.

tenho medo que a minha voz se cale de bruços,

enquanto outras terras eles invadem e matam as esperanças.

tenho medo da torpeza da indiferença,

tenho medo da insensibilidade dos meus versos,

tenho medo de falar em abstrato de flores, dores e amores,

tenho medo de desenquadrá-los do real amores, dores e flores.

tenho medo de amordaçar a minha angústia,

tenho medo de ter medo de chorar essas crianças,

tenho medo de esquecer todos os seus nomes,

tenho medo de caducar todos os pronomes,

tenho medo de confundir-me, na escolha,

entre ser homem ou lobisomem.

tenho medo de ser aceito socialmente,

por não ter dito convenientemente,

as verdades duras do nosso presente.

****

12)

Medo da Descoberta

Helô Abreu

Quem sou eu na escuridão deste palco da Vida?

Alguém ai da platéia me vê ou me escuta?

Na escuridão do palco, na doce labuta

do atuar constantemente, meu corpo flutua

em luz soberba e etérea, como se eu fosse lua

Este corpo que envelhece e se nega aparecer

para mim, eu que sou a tua senhora.

Que comigo encenou tantos quadros, outrora

tantos dramas, tantas comédias, lágrimas e viver..

Oh! Deus não te escondas de mim nesta hora

em que tenho medo da platéia gloriosa

Dize-me quem sou neste mundo de gente impiedosa?

Serei a vilania?a torpeza?a sordidez?

a maldade .....quem sou afinal sem Ti?

Paciência..preciso dela para sobreviver

neste teatro ensandecido repleto de escaras

nesta troca eterna de máscaras, neste olhar

no espelho e temer o reflexo da malfadada sorte ,

neste palco que rodopia, e quando o cenário desce

e a platéia oscila..entende o polegar para baixo

e grita...Morte!

As cortinas se fecham....permaneço no chão caída

a didascália fala ao meteur-en-scéne:

-Ela teme um espaço sagrado chamado vida

muda as faces, disfarça, agita, consome

vive a vida num eterno palco, destruída.

Sem platéias, sem aplausos, só cortinas

de veludo púrpuro barato e roto

onde se esconde, nua, do mundo real

Temendo saber quem é , de não ser perfeita, ideal

e no escuro, ouve-se um som doido

será som?

...ou apenas um mero vagido!

**********************

*"O que me descontrai, por incrível que pareça, é pintar. Sem ser pintora de forma alguma, e sem aprender nenhuma técnica. Pinto tão mal que dá gosto e não mostro meus, entre aspas, quadros, a ninguém. É relaxante e ao mesmo tempo excitante mexer com cores e formas sem compromisso com coisa alguma. É a coisa mais pura que faço (...) Acho que o processo criador de um pintor e do escritor são da mesma fonte. O texto deve se exprimir através de imagens e as imagens são feitas de luz, cores, figuras, perspectivas, volumes, sensações." - Clarice Lispector

Guida Linhares
Enviado por Guida Linhares em 21/04/2007
Reeditado em 25/04/2007
Código do texto: T458277
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