CAMINHANTE...

É muito longínquo esse lugar,
Onde o vento me lançou,
É um deserto que some no olhar,
Deserto que a alma se apoderou.

Nas travessias desse ermo,
Conto passos - sigo estranhamente,
Por não ter ninguém na minha frente,
Trombo comigo mesmos.

É muito dissonante essa vida,
Essa ida para o indeterminado,
Esse outro lado do eu, esse eu desenhado,
Em cada ponto de partida.

Essa vida é uma enigmática poesia,
De versos metamorfoseados, complexos,
É um “pano pra manga” para a psicologia,
Um traçado inflexo, implexo.

Parece um sopro cinzento,
Nos talhos de meu semblante,
Me descompondo, expondo os fragmentos,
De um solitário caminhante...


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CONFIA

 Caminhante solitário,
que vai à frente sem rumo,
desconhece qual a meta,
muito embora em linha reta,
muitas vezes perde o prumo.
É tristonho esse cenário,
"onde o vento te lançou".
Se quiseres vou contigo,
pois que és um grande amigo,
com carinho me ajudou
no dia em que precisei,
a boa semente plantei,
e depressa ela florou.
Não desespera, espera,
a vida é mãe prestimosa...
Quem sabe bem de repente
ela te dê de presente
um belo ramo de rosas.

(HLuna)