Dança de sóis poentes.
Vou-me indo em partículas incandescentes
Desço até o âmago profundo da existência
Me reviro numa dança de sóis poentes
Sou a mais pura imanência!
Quero me desconectar do concreto
Já cansei do movimento reto
Só quero cair continuamente
Espiralando lentamente.
Sou um beco sem saída
Uma estrada de barro
Decomponho-me, esvai-me a vida!
Enquanto acendo meu cigarro
Não vou tagarelar sobre panteísmo
Apenas desejo me contorcer em sentenças
Que me levam à beira de um abismo
Não se trata de crenças.
Cada estrofe me parece um novo tema
Talvez haja um quê de loucura no meu estratagema
Não quero me perder numa metalinguagem
Só tenho meus pensamentos de bagagem!
Não sou apenas uma garotinha rebelde
Que tenta fugir de todo molde
Sou algo que eu não compreendo
Não tenho remendo.
O que importa é que estou aqui
Escrevendo sobre algo que me ultrapassa
Não sou muito 'braqui'.
Nem muito menos escassa.