NO MUNDO ANTISSÉPTICO

Cortamos todas as árvores

Mas pintamos as paredes

Colorimos inteiras áreas

Um lindo e sintético verde

E as áreas cheiram a antisséptico

Não cresce mais nenhum mofo

Sento-me no verde desértico

Na TV é proibido o novo

As pessoas também, higienizadas

Até a raiz do cérebro

Olham com olhar de nada

Discutem o noticiário a sério

Odeio telefones móveis

Permaneço em estado selvagem

Gosto de ser ignóbil

E de caminhar pela margem

Mas noto que a grama rebelde

Não quer que eu esteja sozinho

Nas frestas recônditas crescem

Sussurram um poema comigo