“Achei ter o Dom das letras, mas quem tem um Dom morre com ele”
 
Há alguns dias não escrevo. Não que eu não queira, é por quê as letras me faltam...

Os sonhos não mais habitam minhas noites, agora insones.

Meu quarto, antes palco de meus devaneios, hoje é jazigo onde minhas entranhas definham.

A cama, amiga, é cumplice das audácias que ainda brotam de mim e compartilha o travesseiro solitário e sem o perfume dos tempos de outrora.

As taças que abrigavam o vinho, jazem sob o pó. Como se nada mais existisse...

O fraco vestígio de luz se dá pela fresta onde também os breus emanados pelos pesadelos entram...

Os olhos secos almejam lagrimas e a boca seca anseia sorrisos. Os seus.

Minh’alma sob os lençóis fantasmagóricos somente geme por um sopro de amor.

Quem sabe assim, as letras voltariam e inundariam um corpo vazio.



 
 
 
 
Paulo Moreno
Enviado por Paulo Moreno em 15/11/2013
Código do texto: T4572439
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