Nem só de métrica viverá o poeta.
Perdoai, a minha falta de métrica,
Perdoai, as minhas rimas pobres
Perdoai, a minha discordância
Perdoai, toda essa irrelevância.
Porque
Nem só de métrica viverá o poeta;
Nem só de rima viverá o compositor;
Nem só de concordância vivera o amor.
Porque
Nem só de desejos vivem os amantes;
Nem só de poder vivem os Senhores;
Nem só de mentira, viveram os impostores.
Mas se puderes perdoai,
Para um dia darmos um Viva!
Perdoai!
Um Viva! aos poetas,
Que mesmo sem métrica
Inventaram as cores.
Um Viva! aos compositores,
Que mesmo sem rima
Impostaram som, em novos sabores.
Um Viva! aos amantes,
Que nem sempre distantes,
Continuaram desejando,
Do mundo, Amores errantes!
(Então, Vivai, errantes amores,
Pois sois mais rico que a riqueza
de todos os vossos senhores.)