VIDA PARTIDA

Estilhaços pelo chão, vidro quebrado,

Espelho de vida partido em mil pedaços

Cada um deles um grito de dor sufocado

Entre gemidos perdidos sem abraços.

Cínico esgar na face lívida, distorcida,

Entre o reflexo dos cacos espalhados

Nem de longe lembram a linda rapariga

Que deixava a todos, consigo, deslumbrados.

Vida boêmia, ébria de seus tolos amores,

Iludida por efêmeras promessas, insensata!

Sonhos vazios pagos com muitas dores

O veneno destilado a outros em taças de prata.

Colheu da vida o que nela semeou sem pensar.

Esqueceu que tudo tem um preço, nesta vida,

Viveu plenamente extremos de amar ou odiar

Em cada instante entre o inicio e a partida.

Soam lúgubres os entrecortados gemidos

Enquanto curvada tenta juntar os cacos

Parecendo sufocar entre nascituros vagidos

Sem saber-se insana ou dona dos seus atos.

Pobres das vidas jogadas ao léu da sorte

Míseras criaturas na ilusão perdidas,

Sem meta, de que vale saber o norte?

Seres mutilados em vidas esquecidas.