**SabeR*EnvelheceR**

Já que é inevitável envelhecer, que saibamos usar esta armadilha da vida, de forma mais agradável.

Serei meu próprio divisor de águas entre o nascer e partir, porque usarei as expectativas como uma mola e saltarei do hoje para o amanhã, sem grandes impactos dolorosos.

Se minhas articulações não me deixam mais pular corda, caminharei em passos lentos, porém firmes, pelas vivências do meu percurso.

Caso minha audição não alcance o som dos mais aflitos, buscarei nos seus lábios a palavra dos que soam baixinho o que eu preciso ouvir.

As minhas mãos nem tão macias, mas calejadas pelas torneadas figuras geométricas que a vida me ensinou a usar, e por elas alimentei as bocas que hoje insistem em não falar, limpei o chão que seguramente podia caminhar e os afagos que eu te fiz, retorno ninguém me dá.

Pulsa ainda forte um coração e nas batidas meio descompensadas, levanta em mim a vontade de seguir vibrando e num desespero de chegar aonde eu nem sei, mas o que sei é quero chegar.

A certeza é de que nascemos e vemos com ansiedade a passagem dos anos como se houvesse em constante lerdeza o dia que vislumbramos chegar, e quando chega já tá na hora de parar e pedir que este tempo desacelere de forma abrupta, porque o tempo talvez, não seja suficientemente possível de realizar os sonhos deixados lá atrás.

Estive em conflito com o novo porque insistiu em não chegar, e agora no velho, travo uma briga acirrada, para que venha mais devagar.

Quando é que eu vou parar de lutar, de brigar, de ter certezas ou indecisões?

Se não sou mais nova e nem sou tão velha, mas não tenho o vigor do jovem e nem a incapacidade dos velhos, devo agir como quem chegou ao meio do caminho e seguir no lucro da vida.

Aqui fica uma história, daqui prá frente é só um conto.

Zezé DSouza.

Zezé DSouza
Enviado por Zezé DSouza em 20/10/2013
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