O "masoquista"
Cada poeta pretende, ao compor,
achar seu baú flutuando no Nilo;
aquele poema foi Obra do Criador,
que arrasou, no teor, e no estilo;
mortais buscam tempero e sabor,
sem saber certo, onde adquiri-lo,
estará alto como o voo do condor,
quiçá simples, como canto do grilo...
Evitando cair, vale maldito do clichê,
lugar comum que a beleza consome;
passear no tempo não ficar demodê,
também é um anseio de nossa fome;
expor feridas e questionar o porquê,
e mostrar verdades com outro nome;
expor ao “eu”, sem colar um “você”;
por que plágio é “arte” com silicone...
É um explorador de micro universos,
arma possante qual martelo de Thor;
que esmiúça motes os mais diversos,
como se conhecesse toda vida de cor;
se suspeita que o belo está submerso,
converte-se presto, num mergulhador
“masoquista” curtindo dor, nos versos,
pois o inverso, bem sabe, é ainda pior...