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Tia Nana - Tia Não!

 
Não ao doce da cristaleira
Não ao ninho de passarinho
Não ao pé de laranjeira
Não ao banho no riachinho
 
Não ao bolo com café
Não à espiga do milharal
Não ao toque, ao cafuné
Não à arapuca no curral
 
Não à rosa amarela
Não ao quarto de costura
Não ao pulo da janela
Não ao naco de rapadura
 
Não ao subir no telhado
Não ao brincar no terreiro
Não ao biscoito molhado
Não ao cachorro festeiro
 
Não ao jogo de xadrez
Não à conversa na cama
Não a todo Era uma vez...
Não ao rolete de cana
 
Não ao bater peteca
Não ao trenzinho na sala
Não à roupa de boneca
Não ao segredo na mala
 
Não ao picolé da missa
Não à praça, à matinê
Não ao dia da preguiça
Não  à cesta do crochê
 
Não ao índio, à cabana
Não à moita de bambu
Não ao pé largando lama
Não ao vento, ao peito nu
 
Tia Nana, Tia Não!
Sem afeto, sem bondade
Só lembrança, sem saudade...
 
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Não ao meu bolo de coco
Não ao meu pudim de leite
Não a sentar-se no toco
Não a tudo que é deleite

Não - o médico disse -
Não aumente a glicemia
Não a tudo que existe
Não ao riso, à alegria...

Não... Não quero ouvir mais!
Não! Esse duro regime.
Não posso voltar atrás
Não! Por favor, não desanime...

Obrigada pelo carinho da interação, Milla Pereira!