Camelo

Poetar é uma faina confusa,

Ainda que a confusão seja bela;

Tem vezes que o fado abusa,

servindo sua sopa fora da tigela;

conduz a um deserto de musas,

e nos desafia a vivermos sem elas...

inspiração tem o quê de camelo,

que dizem ser, do deserto, o navio;

tricota o pano com qualquer novelo,

o anoitecer no Saara é muito frio;

então acrescenta um traste ao pelo,

resignado, ao que só, conseguiu...

poesia não é fraca vem de era prisca,

ainda que, todos os dias se renova;

ora timorata, e noutras se arrisca,

trazendo da solidão a contraprova;

sigo “desertando” té ter u'a odalisca,

assentada e feliz em minhas corcovas...