Vida, vide vivente

É um morrer sonhos,

Desperdiçar tempo,

Malograr esperança;

Abortar projetos,

Queimando óleo

Planejar vingança;

Colher fracassos,

Errar uns passos

Retomar a dança...

Acariciar vaidades,

Desprezar pérolas,

Criar no repente;

É um cair de fichas,

engolir placebos,

e seguir doente;

fugir da sombra

gastar as fibras

morrer lentamente...

É vento que passa,

Balançado flores,

Despertando poeira;

Fábrica de cachaça,

Em vez de açúcar,

Vocação primeira;

Misturar de raças,

“pedigree” vira-latas

Comendo da lixeira...

Aparar de arestas

Desfazer ofensas

Medicar feridas;

Há outros ecopos,

Essa é minha vista,

Pelo tempo carcomida;

Logro vestido de festa,

abstraído o que não presta,

ainda resta ela, a vida...