O cuidado
É o fluxo rizomático comum
Das máquinas desejantes
Dos devires...
Ele é imanente
No Super- Homem de Nietzsche
E pede à Zaratustra
Convidar a transcendência
Para dançar
Mas que loucura!
Bradam todas as filosofias!
De uma plateia efusiva
Prestes a avançar:
Não vês que eles estão presos
Em seus paradigmas
Em seus próprios dualismos
Fadados a nunca se encontrar!
Neste ínterim
Começa uma estranha coreografia:
Passos desajeitados
E bater de asas impulsivos
E um algo novo
Começa a se desterritorializar
Mas quem é?
Essa estranha Substância!
Entoa a plateia estarrecida:
Ela não tem órgãos!
Não tem corpo!
É disforme!
Cadê suas estruturas?
Parece ter saído
Das entranhas da caosmose
Do ovo cósmico
Do palco da esquizoanálise!
E um silêncio ensurdecedor
Fez-se presente
E todos se voltaram para o cuidado:
Vejam! Disse o último:
Ela está aqui, lá, mas também acolá...
Eu não entendo!
E não pára de criar
Não consigo detê-la!
No máximo transforma-la...
Em desespero
Perguntei outro dia
À espiritualidade
Quem ela era, afinal?
Pois talvez assim
Pudesse protegê-la!
Foi quando descobri
Estas incontáveis potencias
Estas qualidades intensivas
Na Superfície
De minhas próprias mãos
Somos Ela!
No cenário de cada novo dia
Do ontem e do amanhã
Mas só podemos senti-la
Neste exato momento
De minuto a minuto
Agora e agora
Pois o resto já virou história
Ou é projeção da memória
Que ainda não se virtualizou
De modo que só a percebemos
Atualizando a Realidade
Aceitando que há morte
A cada ínfimo segundo
Como processo inerente
A própria passagem da Vida!
ACCO
[1] Na Filosofia de Espinoza, a Substância é o conceito que parece reunir características similares ao Corpo Sem Orgão. A substância é geradora de tudo o que É. Ela tem infinitos atributos (que são traços que definem a Substância), que se vão realizar como um número limitado de modos. A Substância é onipotente, e nela estão potencialmente incluídas suas produções. Por isso é que se qualifica a Filosofia de Espinoza como panteísta, dado que uma Substância tem os mesmos poderes de Deus, é Deus. O filósofo Leibniz afirma que a realidade está composta por unidades incomunicáveis entre si, cada uma das quais “vê o mundo” desde seu “ponto de vista”. Dentro dessa pluralidade de mundos (mundos a-paralelos) vão adquirir realidade os mundos que serão “compossíveis” ou “co-possíveis”. A unidade dessas mônadas se faz em Deus, Mônada das mônadas, que é quem decide qual dos mundos compossíveis é o melhor. As mônadas estão distribuídas em capas, cada uma delas infinitamente dobradas. Deleuze estudou como a arte Barroca tem uma modalidade típica perfeitamente articulável com a filosofia de Leibniz. O filósofo Kant escreveu que a Matéria tem quantidade e qualidade, mas que existe uma terceira dimensão que são as qualidades intensivas. É o que Deleuze e Guattari tomam para postular as Intensidades Puras, que só se realizam como “individuações” inusitadas, cuja originalidade só pode ser medida como um “grau”, por exemplo, uma cor, ou um som, ou um verão. Cada uma dessas realizações tem uma singularidade que só pode ser identificada como sendo um “grau de si mesma”. Nietzsche sustentava que a toda realidade subjaz uma capacidade, que denominava Vontade de Potência. Não se trata de que esta vontade seja de algum Sujeito. A Vontade de Potência pode até constituir sujeitos, animais, etc. A vontade de potência se distribui em Forças (Forças Ativas e Forças Reativas) As forças reativas tendem a gerar o novo. As forças reativas se opõem a esta produtividade. Todas essas ideias são aplicáveis à construção do conceito de Corpo sem Órgãos que também é outro dos recursos para tratar de pensar o caos e sua relação com o Cosmos. (BAREMBLITT, 2003, p. 100).
É o fluxo rizomático comum
Das máquinas desejantes
Dos devires...
Ele é imanente
No Super- Homem de Nietzsche
E pede à Zaratustra
Convidar a transcendência
Para dançar
Mas que loucura!
Bradam todas as filosofias!
De uma plateia efusiva
Prestes a avançar:
Não vês que eles estão presos
Em seus paradigmas
Em seus próprios dualismos
Fadados a nunca se encontrar!
Neste ínterim
Começa uma estranha coreografia:
Passos desajeitados
E bater de asas impulsivos
E um algo novo
Começa a se desterritorializar
Mas quem é?
Essa estranha Substância!
Entoa a plateia estarrecida:
Ela não tem órgãos!
Não tem corpo!
É disforme!
Cadê suas estruturas?
Parece ter saído
Das entranhas da caosmose
Do ovo cósmico
Do palco da esquizoanálise!
E um silêncio ensurdecedor
Fez-se presente
E todos se voltaram para o cuidado:
Vejam! Disse o último:
Ela está aqui, lá, mas também acolá...
Eu não entendo!
E não pára de criar
Não consigo detê-la!
No máximo transforma-la...
Em desespero
Perguntei outro dia
À espiritualidade
Quem ela era, afinal?
Pois talvez assim
Pudesse protegê-la!
Foi quando descobri
Estas incontáveis potencias
Estas qualidades intensivas
Na Superfície
De minhas próprias mãos
Somos Ela!
No cenário de cada novo dia
Do ontem e do amanhã
Mas só podemos senti-la
Neste exato momento
De minuto a minuto
Agora e agora
Pois o resto já virou história
Ou é projeção da memória
Que ainda não se virtualizou
De modo que só a percebemos
Atualizando a Realidade
Aceitando que há morte
A cada ínfimo segundo
Como processo inerente
A própria passagem da Vida!
ACCO