A PORTA ABERTA
Sou uma porta aberta para o exterior.
As notícias chegam pelos meus olhos,
penetram-me sem deixar escolha, pelos ouvidos,
impressionando todos os sentidos
e adentram meu computador.
Sou a ideia que não diz de onde veio.
O choro e o riso.
A tristeza e a alegria, que chegam sem aviso.
Sou a porta pesada que range ao abrir-se.
Sou madeira velha, tosca e apodrecida.
Mas, tal decrepitude é só aparência,
a fim de não atrair curiosos aventureiros.
Portanto, fica aqui bem dito: sou o que sou.
Não sou dessa espécie de gente que adora fazer rodeios.
Sou porta aberta, e se puder gostar de mim, entre.
Sou, sem sombra de dúvida, a liberdade,
pois lhe deixo entrar ou sair.
Deixo você me amar, ou até mesmo me odiar.
Só não permito que feche a porta ao me abandonar,
porque sou aquela porta sempre descerrada.
Sou uma porta aberta para o exterior.
Todavia, tenho o direito de expulsar a quem não me aprouve;
a quem, por seus atos e pensar, não me convém guardar.
Sou mão estendida, não um desses homens loucos!
Sou a porta aberta, não um abrigo de lobos.