Indubitavelmente (Questionando o Pensar)
A arte que provém do ego vazio,
Preenche telas, livros, cenas.
A arte que preenche o vazio,
Extrai palavras, cores, sentidos.
O sentido não obrigatório,
Por onde muitos já se perderam,
Me direciona para uma improvável conclusão,
Interpretação influenciada por visão.
A vista que embaralha,
A mão que treme,
A boca que seca,
A tinta que borra,
Borrados bordões.
Arte, exprimindo o vazio pensar,
Pêndulo, indo e vindo, o tempo esvair.
Não sinto o tremor, cobrança por superação,
Sinto a escuridão clarear a inspiração.
Da arte que não se leva, aqui se deixa
Sei que dela não faço parte, mera queixa.
Insana arte que apavora os mais fortes,
E aclama fracas almas,
Valorando o invisível peso de não saber,
O que se sentiu ao viver o seu criar.
A arte consome a entrega, insanamente,
Diante de repletas dúvidas sobre o término,
Ante o olhar admirado de quem sem ideias,
Idealiza a vida, sem o suave tocar,
Da pena, da tinta,
Da vela, dos dias.
A arte que vivo, não se mede em obras.
Linhas fraquejadas, terminadas não estão,
Incompletas linhas, vazias nunca estarão,
Diante pesada pontuação,
Fazendo-me pensar, indubitavelmente
No que então pensarão.