Indubitavelmente (Questionando o Pensar)

A arte que provém do ego vazio,

Preenche telas, livros, cenas.

A arte que preenche o vazio,

Extrai palavras, cores, sentidos.

O sentido não obrigatório,

Por onde muitos já se perderam,

Me direciona para uma improvável conclusão,

Interpretação influenciada por visão.

A vista que embaralha,

A mão que treme,

A boca que seca,

A tinta que borra,

Borrados bordões.

Arte, exprimindo o vazio pensar,

Pêndulo, indo e vindo, o tempo esvair.

Não sinto o tremor, cobrança por superação,

Sinto a escuridão clarear a inspiração.

Da arte que não se leva, aqui se deixa

Sei que dela não faço parte, mera queixa.

Insana arte que apavora os mais fortes,

E aclama fracas almas,

Valorando o invisível peso de não saber,

O que se sentiu ao viver o seu criar.

A arte consome a entrega, insanamente,

Diante de repletas dúvidas sobre o término,

Ante o olhar admirado de quem sem ideias,

Idealiza a vida, sem o suave tocar,

Da pena, da tinta,

Da vela, dos dias.

A arte que vivo, não se mede em obras.

Linhas fraquejadas, terminadas não estão,

Incompletas linhas, vazias nunca estarão,

Diante pesada pontuação,

Fazendo-me pensar, indubitavelmente

No que então pensarão.

Flavio Marcondes
Enviado por Flavio Marcondes em 16/09/2013
Reeditado em 03/08/2015
Código do texto: T4484281
Classificação de conteúdo: seguro