Lembranças sofridas.

E foram estas noites de escuridão,

O pau de arara que não quebrava,

Os sentimentos dolorosos de solidão,

Neste país que a incerteza reinava.

Muitos sonhos assassinados na mente,

Sob o aparato daquelas maldades.

Em corredores fétidos um inocente,

Diante do carrasco a perversidade.

As mães desesperadas pelas praças,

Numa sala uma mulher se ajoelha,

O silencio era o desespero do cidadão,

Enquanto malditos viviam da delação.

Meu Deus quanta maldade atroante,

Neste período que manchou a nação,

E por ironia há quem ainda os venere,

Como os reais protetores, triste visão.

Nada eles sabem do sangue derramado,

Daqueles torturados nos podres porões,

Que esmagavam homens em corredores,

Onde a morte terminava com as ilusões.

Não, não me fale deste tempo do medo.

Com os nossos olhos cansados de agora,

Pois dele nunca mais nos esqueceremos,

Com estas tristes lembranças de outrora

O país não suporta mais uma ditadura,

Que faça calar quem se levanta e luta,

Pois não foi completa aquela abertura,

Que veio resgatar a nossa esperança.

Toninho.

24/07/2013

No período fervente das manifestações de ruas, ouvi algumas pessoas lembrarem-se do período militar (da ditadura) com certo saudosismo, em nome de uma paz, que julgavam tinham naquele tempo de solidão e maldades.

Aí nasceu isso.

Toninhobira
Enviado por Toninhobira em 15/09/2013
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