Falar é Preciso.
Que magnífico seria só do amor falar.
Tantas vezes cantamos em forma de um calar.
Mesmo que o peito insista em sangrar,
Esquece a dor da navalha a cortar.
Tão bom seria não dizer das dores,
Não repassando nossos dissabores.
Mas o poeta explodirá o peito
Pois é fiel na Causa e no Efeito.
Compor da flor se abrindo entre mil cores
Do lírio branco passando harmonia.
Ao escrever de amor feliz e paz
Mas, contradiz. E o poeta o que faz?
Compor da lua derramando sonhos,
Dos verdes campos e do olhar de menino.
Buscar no Céu uma Estrela Cadente
E por instantes ser um sol ardente.
Lá no infinito montar melodia
Olhar em voo subir bem ao topo.
Ser tão astuta feita à andorinha
Levar no bico um cantar como em sopro.
Ser viajando tal qual um errante
No alto mar sentir estar no porto.
Por entre os raios do luar dançante
Dizer sorrindo ainda que quase morto.
Mas tudo muda nos versos de um pensante.
Que em sua dor diz coisa hilariante.
E vão dizendo em gotas que não brotam
Sonhos contrários em seu imaginário.
Goretti Albuquerque