CARTA SILENTE A MEUS IRMÃOS
Ouvi além de meus devaneios pálidos
regurgitados em rancores e angústias que lhes ressoaram
e atentai às palavras bordadas nessa folha fria.
Os labirintos da vida não são
como nossos esconderijos pueris,
onde os sonhos sobrepujavam as ruínas porvires.
Nossa mãe ainda é nossa rainha,
nosso pai ainda é nosso herói
num mundo aspergido com pedras de tropeço
entre as quais também caminhamos soçobrados.
Curemo-nos, sobretudo de e em nós mesmos, pois
é chegada a hora cicatrizar feridas,
e aceitar as verdades e as escolhas do momento,
sem nos vestimos de alvos que também não somos,
que o herói está cansado nas veredas rupestres.
Devemos atar nossas angústias,
adstringir nossos pensamentos ruins,
ladear nossas incompreensões,
amainar nossos corações,
e abranger os ermos com nossas fés,
porque a flor que nos gerou
amava o cravo que ficou.
E a flor, que ainda sofre, necessita
que superemos nossas pusilanimidades
para que possa singrar em paz aos braços de Deus.
E mais nenhuma palavra esquálida,
e mais nenhuma conjectura inválida.
Péricles Alves de Oliveira