Tic-Tac
Tic-Tac
meio tempo , meia noite ; meia vida dividida pelo tempo
contratempos de uma dor tão exclusiva
invasiva solidão ,
que devora nosso tempo , nossa alma , nossa calma
devorada pelo tempo , vai deixando pelos ventos
tão calada a emoção.
Tic-tac do ponteiro , da matriz escravisante , chauvinista sentimento
tão sem nós, tão sem tempo.
Vai ficando na estante, se perdendo na memória
esquecida entre flores que secaram entre as paginas
do diário da menina , tão sem tempo , tão sem nada.
Foi-se a vida , tão vazia, tão sonhada, tão perdida
E da menina não se fala, não se lembra
Esquecida pelo tempo, tão perdida, tão sozinha, tão sem fala.
Foste enfim incorporada
À memória entregue na estante amarelada um retrato de nós dois
Quando éramos um do outro, e sem culpa, e sem medo
Só sonhava , todo dia um futuro , tão distante , tão amada.