Surdos Ouvidos
Não que o que sintas não seja verdade,
Mas sinto em dobro tal felicidade.
Anseios e medos,
Vida sem freios,
Assim são os assuntos,
Tratados entre dois mundos, pequenos.
É natural que surjam dúvidas,
E em dúvidas afunde seus dias,
Mas nem tudo é óbvio,
Como este meu olhar, deslumbrado.
As linhas de tuas mãos,
Se entrelaçam em meu corpo,
E roubam verdades de meus lábios,
Que facilmente preenchem teus sentidos,
Embebidos em meu líquido fraquejo.
Protegido em teus cabelos,
Durmo e sonho, não me levanto,
Dou lugar a vastidão do irreal,
Relutando em acordar,
Se não for para descobrir o mundo,
Refletido em teus gestos, imaturos,
Enérgicos e públicos.
Não sei o que é privacidade,
Desde que ouvi publicamente curtas palavras.
E como interpretar corretamente,
Termos até então desconhecidos,
Ditos nestes surdos ouvidos?