O Velho


 




Teus olhos viram coisas que eu não sei

E guardam mil estórias pra contar

De um tempo em que eu não era ainda.

 

São caminhos, as marcas das tuas rugas,

São amores, talvez risos, talvez dores,

Despedidas, muitas idas, muitas vindas.

 

Tuas mãos, agora aduncas e cansadas,

Outrora ágeis,foram o esteio de tua vida

E de outras vidas que chegaram pela tua.

 

Esses teus braços, que abraçaram tantos sonhos,

E pretenderam abraçar o mundo inteiro

Pendem vazios, desobrigados de lutar.

 

E quem passar pelo caminho da tua casa

Verá no alpendre uma figura encarquilhada

E pensará: "Um velho, apenas..."

 

Mas quem ouviu tuas estórias tão antigas

E quem bebeu tão doce vinho em teu graal

Afirmará: "Um homem, afinal!"


Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 15/08/2013
Reeditado em 17/09/2023
Código do texto: T4435083
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