Espelho d'alma, espelho meu.
Revela a calma, do dentro eu.
Mostra a palma, que o tempo leu.
Então acalma, o denso breu.
Espelho d'alma, fonte murmura.
Longe proclama, eterna jura.
Gota reclama, a pedra fura.
Alma que ama, doce ternura.
Espelho d'alma, límpido espelho.
Esconde a fala, olho vermelho.
Escorre molha, ouvir conselho.
Nada de nova, saber tão velho.
Espelho d'alma, sabedoria.
Conta segredo, noite ou dia.
Revela medo, fugir podia.
Mas no escuro, noite escondia.
Espelho d'alma, espelho frio.
Conta o que sabe, mesmo sombrio.
Baixa a cabeça, segue o desvio.
Que apareça, corte no fio.
Espelho d'alma, olha nos olhos.
Se não encara, ergue o sobrolho.
Olha no espelho, rosto no molho.
Encara a lâmina e só encolho.
Espelho d'alma, a outra face.
São duas almas, num mesmo enlace.
Claro e escuro, num mesmo trace.
Momento agora ou o que passe.
Regina Madeira
"imagem do Face"