Sarcófago

Minha pele conta a minha história...

Ao fim da vida, acabarei por ser o meu próprio sarcófago,

Onde cada ruga conta a história de um riso ou um choro,

Cada cicatriz fala sobre uma estripulia,

Cada estria vem dizer como eu tive pressa em ser grande,

Cada celulite vem me aquecer, amortecer meu tombo e fofocar sobre aquele brigadeiro que me foi amigo na TPM...

O seio caído, expressa a felicidade de ter alimentado outras vidas, de ter sido fonte de amor.

A bunda, em protesto a tanto anos de ego e “empinação” decidiu por relaxar e curtir um novo movimento de pernas e caminhares...

As manchinhas riem das vezes que foram vistas com tanto preconceito, uma vez que estas nem ousaram em abandonar seus postos e permaneceram ali, firmes, fortes e contornadas...

As olheiras abrigam as noites, dias, todas as peripécias de anos de transmissão.

Os olhos pedem arrego a novas janelas, as mãos e os pés se aconchegam entre os tricôs, os dentes pedem demissão pedindo que a boca volte a ser como era...

Os lábios se murcham, mas ainda pedem por beijos, carinhos e tudo que há de bom.

Dedicado à minha avó Olantina.

Nandi Ferreira
Enviado por Nandi Ferreira em 10/08/2013
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