Na calada da noite

“Sinto uma suplica de socorro,

Mas dessa vez sem voz alguma.

Levanto-me da cama em meados de uma madrugada ainda não dormida,

Vagueio do quarto para cozinha e de lá até a sala vazia

Onde ouço um ruído ao redor, oculto e percebível

Que indica a presença de uma nova companhia...”.

Em plena madrugada vago com pensamentos distantes

Perambulo pela casa acompanhado de um som que não me sai da cabeça

Não sei se foi um sonho ou se foi bastante real para me fazer alucinar assim,

Mas enfim estou aqui...

Não sei bem o que me motivou

Mas foi algo bem forte que senti

Atravessei a nuvem branca que se formou

E na sala esforços lentos pude ouvir...

Estava muito embaraçado

E eu estava sem óculos

Minhas mãos estavam gélidas

Fazendo-me sentir um leve arrepio nos braços...

O frio da morte tornou-se suficiente para me seduzir

Meus passos motivaram-se com razão

Fazendo-me caminhar sem enxergar a direção

E gemidos de uma criatura nem tão estranha pude ouvir

Eu a avistei, senti carregar a pureza em seu coração.

Era uma criatura que possuía asas negras,

Estava ali jogada na minha frente e eu lhe estendi minhas mãos,

Estava tão frágil que o vento ao tocar suas asas, as desmanchava

Contou-me que após ter sido trancafiada e abandonada,

Para escapar do seu castigo teve que usar seus últimos suspiros de energia...

Transportou-se como nos contos de fadas,

Chegou num passe de mágica...

Estendi-lhe um lençol e ela olhou-me nos olhos

Petrificando o instante num suspiro de emoção,

Sorrindo vagamente agradeceu-me por fim ali mesmo do chão...

Depois dali, muitas luas presenciamos juntos...

Cuidei dos seus machucados por vários dias até que voltasse a se erguer,

E como já era de se esperar

O anjo negro tão cedo se curou,

E numa bela noite assim que cheguei em casa

Percebi que estava preparada para me deixar,

Traçou seus passos a minha frente,

Não pude em momento algum impedi-la

Estava inquieta, mas senti também que estava dividida

Abraçou-me por fim de um modo especial e diferente

Agradeceu-me por tudo que lhe fiz, caminhou sem hesitar,

Sorriu-me despedindo-se com um toque de tristeza

E com um rio de lagrimas em seu olhar...

DiaNublado
Enviado por DiaNublado em 29/07/2013
Reeditado em 29/07/2013
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