PARA VIVER...

Não
Me calo
Falo
Do que não tenho
Contenho
O normal
E o absurdo
Me embrenho
Pelo obscuro
Arrisco
Risco
O traço
Me faço
Do indescritível
Me procuro
No indizível
Embato
Debato
Retrato
A vida
Do meu
Jeito
Imperfeito
Mantenho
A alma ascendida
Acima
Do nível
Do ser
Me atrevo
Me dou direito
Ao enlevo
Escrevo
Para viver...


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MEU CANTO

 Se eu escrevo
é porque devo,
não posso deixar de fazê-lo,
é algo que me impele,
que arranha a minha pele,
e puxa-me pelos cabelos.
Não contenho
esse empurrão,
que me tom pela mão,
me carrega
sem refrega,
pelos ares,
em vagares
assaltando o coração.
Assim é que eu mantenho
a minh'alma em descanso,
já que o verso é leve, é manso,
me deixando comovida
ante a beleza da vida,
que retrato como um fato,
sem gritos, sem desacato.

(HLuna)