QUADRANDO
QUADRANDO
Julieta de Souza
Ao se abrir para o sol
E para o céu que me tocam
E em mim permanecem,
O frágil vidro alegra
Minhas manhãs.
É quatro por quatro
A medida da minha singela janela.
É por ela que o mundo a mim se revela
E eu me revelo ao mundo.
Num quatro por quatro
Aberta e desperta,
Meus desejos se encantam
Com o voo dos pássaros e dos meus sonhos.
Num quatro por quatro,
Inerte e cerrada,
A rude ferragem
Esconde a ferrugem
Que ainda resguarda minhas noites
E aquieta meus medos.
Em quatro por quatro
Eu me abro e me fecho.
Eu me fecho e me abro.
Constantes dias e noites
A embalar minha passagem.
Sou só paisagem!