Mente Ruminante
Com os olhos estendidos sobre mim
Observo minha mente ruminar
Lembranças habitantes do sem fim
Alegria adocicada, amargo pesar
O gozo já passado relampeja
Fazendo o brilho nos olhos reviver
O corpo num instante só deseja
A já percorrida trilha percorrer
Mas ressuscita a tristeza sepultada
A dor extinta mais uma vez vem doer
Aperta o peito, a voz é atropelada
A vida morre, e a morte vem viver
A luz do sol que hoje já não brilha tanto
Arrebatando-me com infinita pressa
Devolve o mundo opaco, sem encanto
E no silencioso pranto me arremessa
Volta-me tudo, volto à realidade
Volto a sofrer, volto a cair na morte
No amor, na paz, na vil ferocidade,
No eterno jogo em que arrisco minha sorte
Pedindo a Deus um espaço, um instante
Que a vida deixe, sem deixar a vida
Que vença a luta minha mente ruminante
Que a vida velha seja outra vez vivida.