Mente Ruminante

Com os olhos estendidos sobre mim

Observo minha mente ruminar

Lembranças habitantes do sem fim

Alegria adocicada, amargo pesar

O gozo já passado relampeja

Fazendo o brilho nos olhos reviver

O corpo num instante só deseja

A já percorrida trilha percorrer

Mas ressuscita a tristeza sepultada

A dor extinta mais uma vez vem doer

Aperta o peito, a voz é atropelada

A vida morre, e a morte vem viver

A luz do sol que hoje já não brilha tanto

Arrebatando-me com infinita pressa

Devolve o mundo opaco, sem encanto

E no silencioso pranto me arremessa

Volta-me tudo, volto à realidade

Volto a sofrer, volto a cair na morte

No amor, na paz, na vil ferocidade,

No eterno jogo em que arrisco minha sorte

Pedindo a Deus um espaço, um instante

Que a vida deixe, sem deixar a vida

Que vença a luta minha mente ruminante

Que a vida velha seja outra vez vivida.

Francisco Adenilson
Enviado por Francisco Adenilson em 14/07/2013
Reeditado em 28/08/2013
Código do texto: T4386483
Classificação de conteúdo: seguro