*maior que a razão*
por vezes o rio de sangue pede
mais doçura que razão.
eis que a razão não é doce
[...doce é o sonho donde a emoção nos leva a fazer loucuras]
nestas horas, o famélico sentido cai
de boca no amor, nas flores e no azul do céu.
alarga rios rasgando margens sem pensar nas avarias.
por dias assim, faço morada nesse lugar
onde doce e amargo andam de mãos atadas; n’um
momento provo d’um, mas termino por provar d’outro.
... entretanto, de inúmeros gostos e vontades,
sou instável, e logo voo do jogo partindo pra outra
morada, onde fico a desintoxicar me dos abusos
ingeridos por louc’alma. nele, a razão me
orienta a ver tudo com praticidade;
domestico o que possa trazer lembrança de mel.
deixo olhos à meia altura pra dosar a beleza e o feio,
anotando tudo como lição.
mas nestes dias em que a razão
está no comando...
o que fazer quando um beija-flor
me beija o olhar?