Os Jardins
Morda a maçã no Jardim do Éden
Para enxergar o Jardim das Delícias
E ser amordaçado;
Ameaças à clausura no Jardim de Celas
Condenação a dantescos Jardins Infernais;
Viva privado ao libo dos prazeres,
Mantenha taciturno o ardor do caule
Moldando as instintivas diretrizes dos galhos
A justificativas convenientes, para consagrar
Seu discurso no topo de uma árvore
Plantada no Jardim da Hipocrisia;
Ou arrebente a mordaça,
Estrangule os cárceres mentais,
Floresça no Jardim da Vontade
Cuja raiz enforca Céu e Inferno,
Sacie o deleite dos pecados um a um,
Rompa o imo da volúpia,
Satisfaça-se como o vil herege contemporâneo
Para ter postumamente uma efígie de bronze
Plantada no Jardim das Memórias;
Seja qual for a escolha, não tens como fugir,
Sorva o fel da castidade de existir
No fruto do Éden que mordes sem escolha
E alastra a praga da consciência
Que revela o destino fatal:
Ser plantado em Jardim de Pedras
Para contemplar o eterno Jardim de Trevas.