Os Jardins

Morda a maçã no Jardim do Éden

Para enxergar o Jardim das Delícias

E ser amordaçado;

Ameaças à clausura no Jardim de Celas

Condenação a dantescos Jardins Infernais;

Viva privado ao libo dos prazeres,

Mantenha taciturno o ardor do caule

Moldando as instintivas diretrizes dos galhos

A justificativas convenientes, para consagrar

Seu discurso no topo de uma árvore

Plantada no Jardim da Hipocrisia;

Ou arrebente a mordaça,

Estrangule os cárceres mentais,

Floresça no Jardim da Vontade

Cuja raiz enforca Céu e Inferno,

Sacie o deleite dos pecados um a um,

Rompa o imo da volúpia,

Satisfaça-se como o vil herege contemporâneo

Para ter postumamente uma efígie de bronze

Plantada no Jardim das Memórias;

Seja qual for a escolha, não tens como fugir,

Sorva o fel da castidade de existir

No fruto do Éden que mordes sem escolha

E alastra a praga da consciência

Que revela o destino fatal:

Ser plantado em Jardim de Pedras

Para contemplar o eterno Jardim de Trevas.

Leandro Tostes Franzoni
Enviado por Leandro Tostes Franzoni em 12/07/2013
Reeditado em 24/07/2013
Código do texto: T4383089
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