Nostalgia Crepuscular

Na medida em que as pétalas do tempo fenecem

Abrasa cada vez mais os devaneios nostálgicos,

Revivendo na memória os tempos úberes e jubilosos,

Contornados pela formosura e rigor da concupiscência

Da juventude que agora passeia no olhar de um velho.

O céu ensangüentado em pústulas nuvens, os campos mornos,

O hálito da terra torna-se frio, o horizonte um ataúde de flores purpúreas,

O Ocaso freme um olhar flébil e lúgubre ao mundo

Relembrando toda amplitude de terra que passou,

Deixando aqui somente o restante calor de sua paixão

Enquanto o negro álgido sudário noturno não o envolveu por inteiro;

Assim a inerte decrepitude engelhada, vislumbra a contemplação

De seus anos dourados, e as lembranças conflagram o peito

Nas pungentes armadilhas letais que a nostalgia alastra na memória,

Quando esse latejar de versos tange um coração senil

E o remete ao viçoso espelho dos vinte anos de vida,

O fluxo sanguíneo é suprido pelas reminiscências,

O passado tolda as veias como caminhos que se repetem,

E as palavras narradas com o brilho de outrora

Tornam o elixir temporário de um ancião.

Leandro Tostes Franzoni
Enviado por Leandro Tostes Franzoni em 12/07/2013
Reeditado em 24/07/2013
Código do texto: T4383082
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