Nostalgia Crepuscular
Na medida em que as pétalas do tempo fenecem
Abrasa cada vez mais os devaneios nostálgicos,
Revivendo na memória os tempos úberes e jubilosos,
Contornados pela formosura e rigor da concupiscência
Da juventude que agora passeia no olhar de um velho.
O céu ensangüentado em pústulas nuvens, os campos mornos,
O hálito da terra torna-se frio, o horizonte um ataúde de flores purpúreas,
O Ocaso freme um olhar flébil e lúgubre ao mundo
Relembrando toda amplitude de terra que passou,
Deixando aqui somente o restante calor de sua paixão
Enquanto o negro álgido sudário noturno não o envolveu por inteiro;
Assim a inerte decrepitude engelhada, vislumbra a contemplação
De seus anos dourados, e as lembranças conflagram o peito
Nas pungentes armadilhas letais que a nostalgia alastra na memória,
Quando esse latejar de versos tange um coração senil
E o remete ao viçoso espelho dos vinte anos de vida,
O fluxo sanguíneo é suprido pelas reminiscências,
O passado tolda as veias como caminhos que se repetem,
E as palavras narradas com o brilho de outrora
Tornam o elixir temporário de um ancião.