VÍCIO
Os olhos se fecham, a mente se abre
E derrepente, tudo passa a ter sentido
Ou simplesmente, não precisa-se de um.
E nem mesmo de um tudo.
Um submerso nada em si.
No intervalo entre a mente e a vida.
O que me faz sentir, não me permite agir
Induzido à inércia de domingo a tarde
Perece meu corpo, enquanto a mente floresce
E grita em busca de fuga
A pequena fresta entre o tudo e o nada.
E lhe pergunto porque não os extremos,
Se é mais fácil ser ou não ser.
Ela me responde que não se permite errar
E poder mudar é estar sempre certa.
Eu sem saber se saboto ou não a vida
Sigo seu decreto, sem ao menos repensar,
O corpo anestesiado não tem força para lutar
E se rende ao poder da dúvida.
Vai assim a vida entre lá e cá.
Entre olhos abertos e mente fechada
Constantemente a inverter-se de lugar.
Perdida nesse vício de fugir da vida.
O que me faz agir, não me permite sentir.