NADA

Imenso meio do nada,
Enigmático olhar,
Tanto nada, aonde é que vai dar?
Alma só, angustiada,
Cansada de tanto vagar...
Parece bote sem leme em alto mar,
Sem porto seguro para ancorar,
Mas, a vida é assim, indecifrável,
Uma densidade insustentável,
Ladeada de inconstância,
Um verbo sem concordância,
A via é o que é, não diz porquê,
E nesse incerto instante,
Pouco importa a fugacidade do ipê,
Pouco importa ser ou não ser,
Importa ir... percorrer,
O corpo do dia após dia,
Um viajante nômade, errante,
Mas, com um afã de viver...
De decorar o nada com a utopia.


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CAMINHANDO

Sonho que o poeta alimenta,
não se engana,porém tenta
viajar na fantasia,
tudo pode, tudo cria.
Basta a palavra alada,
que nunca se aquieta parada,
tem asas e o dom de voar
por entre as nuvens faceiras
e a lua feiticeira,
que não cansa de brilhar.
No afã do amanhã
o seu olhar se alarga,
viver já não é uma carga,
é uma etapa tão somente
e a ele cabe cumprir.
Por isso tem confiança,
sabe que deve seguir,
alimenta a esperança:
alma aberta a sorrir.

(HLuna)