Briga incorpórea

Uma sinfonia triste

Espalha-se através do ar

Enquanto me banho no mar

A admirar tudo o que existe

Qual será a sua natureza?

Talvez seja só nulidade

Buscando alguma certeza

Sou apenas uma sombra na cidade

Me busco numa dialética insana

Já acabei com o litro de cana

Sou uma poesia agoniada

Que vê nos seus olhos o próprio nada

Extasiada, vou-me diluindo no espaço

Eu grito desesperada: quero outro maço!

As dúvidas e o vício me corrói

E seu semblante de descaso dói

Invade-me o grito silencioso do nada

E numa briga incorpórea

Sinto-me triste e cansada

No entanto, etérea

Cheguei à essência inalterável

O vazio da não-existência...

Basta ter paciência

Para voltarmos à origem impalpável

O nada.