Despedida

Adagas afiadas cortam o céu, fatiam as nuvens

Fincadas ao chão na violência de uivantes ventos,

Na abóboda cinzenta de forças opacam os céus do infinito

Trás o frio que congela os músculos, estanca o sangue nas veias.

Desvio o olhar da janela e encontro-te deitada ao meu lado

Como um cais que puxa embarcações para suas estacas,

Recolhe-me desse frio descoberto e cobre-me em teus braços

Fazendo as ancoras de meu coração cravar em teu corpo suas garras.

Tua pele esquenta o meu corpo como a brasa sob a lenha

Que queima, queima em desejo cada fagulha que explode de tuas ranhuras,

São beijos de fogo em meu corpo ardendo em cada poro teu

São raios de luz que o fogo lança fumegante ardendo-me, a queimar-me.

Cubro tuas costas com meu peito já aquecido e ardente

Sentindo a pele macia, cheirosa, suave, delicada, branda,

Teus ombros, lavo-os de beijos suplicantes com rogo e clamor

E teu pescoço sente o meu ofegar de paixão, o meu ar de vontade.

Beijo teus lábios macios e pintados a óleo antes de levantar-me

Agradecendo a Deus pelo milagre do amor abrir minha alma,

Com um lento e vagaroso olhar despeço-me de tua silhueta sob a coberta

E suavemente, com o mais leve tato, na ponta dos dedos roço-te o rosto.

Até mais tarde amor!