Insone e insano no seno e cosseno do ser

Eu vejo, vejo!

Nas paredes do corredor que leva à cozinha,

Algumas sombras que balançam,

Com as leves e tontas brisas,

Expondo seus desenhos simplórios,

Notórias alucinações, visão dela...

Vou abocanhar meu pão de centeio,

Com queijo coalho e margarina,

E uma fatia generosa de mortadela.

Por enquanto, só por enquanto,

Primeira noite de inverno,

Sem arrepio, sem espanto,

Por enquanto,

Encontra-se calma e silenciosa.

Quebrou-se o silêncio,

No barulho do meu copo de vodca

O gelo frenético batendo,

No fino e fanho vidro,

Ao ser mexido pelo meu dedo.

Olhos mirando o bloquinho,

Sou zanho, sou zen, sozinho.

O álcool companheiro, agora me deixa,

Foi estacionar no cérebro,

Criou até raiz, e espera ser regado.

Convite à escrita,

Sorriso no canto do lábio,

Nos dedos da mão direita,

Uma imaginária tatuagem escrita;

O que há, não diz!

Mais uma letra se esconde,

Por debaixo do anel.

A verdade deve ser sempre colocada à prova,

As horas são escassas,

E procura-se o término de um romance real.

Depois de linhas traçadas,

Dois comprimidos de anfetamina,

A garrafa já no final,

Boca seca, pupila dilatada.

Tenta dormir.

André Anlub®

(23/6/13)

Site: poeteideser.blogspot.com

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