o Rio, nomes e emblemas

olha,

de uma vez por todas,

esse negócio de me dizer

que não devo e não posso falar

que faço poesia,

mas que o que faço é poema,

me lembra a obrigação

(que talvez nos traga o dilema)

que tiveram as pessoas

de trocar o nome que tinha

a Avenida Suburbana

pelo de Dom Hélder Câmara,

contrariando o que ensinaram

muitos pais a seus filhos,

que aquela era a avenida

(a mais comprida daqui?)

ligando os bairros do Rio

no subúrbio de nossa cidade,

daí vindo o seu nome

parece e é uma maldade,

mas isso foi obra do alcaide

com mais um daqueles decretos

a mim ninguém pode obrigar

que eu diga que faço poema

e que nunca fiz poesia,

como a que agora recito,

que pode não ser tão brilhante,

sem viço ou nenhuma magia,

mas pra mim é uma poesia

que é minha e eu dela o autor.

tirar esse nome de mim

é como impedir-me o amor

nada contra o "poema",

ele é apenas o emblema

daquilo que ainda não somos

Maricá, 31/03/2007