Novamente?

Dois corpos separados.

Conversavam,

mas calados.

Fingiam,

mas aos abraços.

Dormiam,

fingindo ser corpos apenas

num pedaço de pano esquecido sob um orvalho

que, ofegante, forçava as telhas.

Éramos pedaços apenas...

Dois corpos separados,

dois amores despedaçados,

uma parte carnal

que traduzira tanta alma

que, quimera e acalanto,

confundiu as conjugações,

desmentiu algumas concordâncias,

exorcizou heterônimos

e fugiu de pessoas e mitos.

Nossos corpos preparados.

Nossa vida e a encruzilhada.

Conversávamos,

mas agora.

Separávamos,

mas violentos.

Rezávamos...

mais hipócritas

que nunca.

E nosso filho lá na cama

a tossir e esperar de nós

alguma sugestão de corpo

ou família...

novamente.

Marcos Karan
Enviado por Marcos Karan em 04/06/2013
Código do texto: T4324180
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