RENASCENDO
Ceres Marylise
Renasce em mim a vida lentamente
e chega assim de forma dadivosa
a me ver novamente em passos firmes
à luz desta cidade tão formosa.
Sinto outra vez o corpo povoar-se
de sensações há muito já vividas
enquanto a noite avança solitária
carregada de silêncio, adormecida.
O destino já não é uma desculpa
senão a solidão em calmas águas
que me lembra um pesadelo triste
soluçado no vazio das madrugadas.
Esta cidade é íntima e obscena
e me acaricia longamente
me surpreende e tanto me provoca
a pele, o coração, as cicatrizes.
Volto os meus olhos às cúpulas perdidas
às velhas fontes que encontro em toda parte
que recolheram um dia os meus abraços
hoje, as feridas de guerra e de combate.
junho - 2005