Crônicas De Uma Era Distante – Pandora
Acho que foi ontem que eu nasci
Como um raio de luz eu fiz alguém sorrir
E tempestades se apossaram do meu destino
A manta negra da noite me deu asas
Um carinho que eu não conhecia morreu
Outro cordeiro até hoje por mim se sacrificou
Vivi como um lobo criado por ovelhas
Feliz, tudo agora faz sentido, sou o que sou
Por isso eu não vou me desculpar pelas almas que matei
Porque eu sou a luz que teimaram em escurecer
Vou gritar bem aqui dentro o quanto eu te amei
Para que um dia este rio seque e eu perdoe você...
Eu me lembro do inverno frio trancado naquele quarto
Eu me lembro da casa atrás da praia
Da TV velha empoeirada que me fazia rir
Como uma cicatriz de todas as pancadas
Onde o olho ardia e o coração se apertava
Era na escuridão que eu me preparava
Contando os minutos de cada dor
Esquecendo uma vez mais o significado do amor
Como você pode ter feito aquilo
Eu era o seu sangue e você o jogou para os cachorros
Sonhos transformados em terror!
Uma estrela caiu do céu nublado
Riscando como fogo a atmosfera tão fraca
Era minha viagem tão demorada
Atravessei tudo menos o caminho de volta
Todas as placas diziam “PARE”
Mas uma força maior me movia
Era a força Do pai
A parti daquele instante não mais olhei para trás
Nunca fui atrás de papéis inúteis
Sabia que não precisava deles lá no fundo
Desculpas não mudariam o que tuas faltas fizeram ao meu mundo...
Sinto o cheiro da fumaça ao longe
Cubro-me com a solidão e vou na direção das chamas
O calor gerado pelo passado me faz bem
Em meus olhos a centelha de fogo dissipa todas as nuvens
O horizonte agora é tão claro como o azul-celeste
A brisa leve envolve-me carregando meu suor
Os livros fizeram sua parte,
O meu coração soube o que pra mim era melhor
Aqui surgiu o guerreiro destemido que cresceu sem irmãos, sem irmãs
Sem um começo bonito, sem uma mãe...
A você que tudo me deu, obrigado meu pai.