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Não é de mais coisas que precisas,
É de mais vento entre os momentos,
E de mais tempo
Para escutar a voz que te grita
E que não ouves,
Embora repitas as palavras que te chegam
Sem qualquer ressonância,
 
Pois tua alma é aflita,
Nada te basta, nada te chega,
Há um grande buraco no teu peito
Por onde te esvazias,
Por mais que o enchas!
 
O que precisas, é de tempo, de vento, de silêncio,
De espaços dentro de ti
 Nos quais te construas,
E de um espelho onde te mires
Sem tuas máscaras,
Sem tuas desnecessárias cascas:
Só tu e a verdade da vida,
Que te procura, e não te acha!
 
E nem sequer precisas
De rituais à luz da lua,
Do burburinho das ruas,
Ou de viagens que te levem para longe,
Mas que nunca deixam para trás
Aquilo do qual te escondes!
 
Tu não precisas de mais nada
Que te acrescente ainda mais peso
A esse teu coração já tão empedrado...
A consciência é uma verdade,
Que nos grita, mesmo quando é sufocada
Pelos ruídos que criamos!
 
E quando passarem os anos,
O que te guardará na paz,
Não serão, certamente, as coisas
De cimento e de plástico,
De pedra e de vidro,
Ou os falsos amigos,
E nem os ressentimentos...
 
O que te fará mais falta,
São os momentos que desprezas,
A voz do vento, que não ouves,
E o rosto de Deus, o verdadeiro rosto,
E não este, que tu forjas
Em tuas caricaturas!
 
 
 
 
Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 30/05/2013
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