AQUELE ANCIÃO

Aquele ancião humilde abriga
animais abandonados.
Dá-lhes de comer com o que sobra
de sua mesa escassa.
Dá-lhes carinho, se doa,
na sua humildade franciscana,
exatamente como faria o Mestre de Assis.
Ensina-nos a lição do brilho nos olhos,
do olhar os céus sem culpa,
o raiar de um novo dia como uma benção.
A estrada da vida como o teste definitivo
para o equilibrio do caminhar.
As mãos que comportam calos e rugas
dão e não se cansam de doar.

Doam aos esquecidos da sociedade,
aos alijados do olhar humano,
aos tratados como coisas e não como seres
criados pelo mesmo Criador que nos criou.

Há muita poesia naquele que doa:
seu cajado é o olhar os seres viventes
com o mesmo amor com que se olha ao espelho.
Na sua condição humana, ele é imenso
por Deus tê-lo ensinado
a decodificar as trevas.



(Direitos autorais reservados).





 
Lúcia Constantino
Enviado por Lúcia Constantino em 30/05/2013
Reeditado em 29/09/2013
Código do texto: T4316818
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