Em busca da verdade perdida

Certo dia alguém me perguntou:

“Poeta, o que escreves é porque tu o sentes?”

Não me surpreendi,

Achei razoável a pergunta

Embora não desejasse a inquirição, lhe respondi:

Ao por poeta me tomares

Decerto me autorizas andares

Por certo me reconheces livre

É patente para mim tua licença

Para que eu também a tenha

No exercício do meu livre pensar

Posto se assim não o fosse

De que serviria poetar?

Que se faria atado a grilhões

tão desprezados até pelos ladrões?

Dileto amigo a velha poesia

É apenas uma expressão

Já difundida na imensidão

Das mentes presas por outra questão

Não lhe negaria as verdades contidas

Tampouco as vidas em frações repartidas

Rearranjadas por alguma mão

Milagrosamente guiadas por inspiração

Como não há perdão para um mal não feito

Não haverá resposta que explique direito

Se não a razão para a alma existir

Como poderiam os versos lhe mentir?