OS POBRES, OS RICOS E A CLASSE MÉDIA
Os pobres barrigudos, sem camisa
Trazem pro bar uma enorme feijoada
Bebem cachaça e alguém na rua mija
Nada tem a esconder quem não tem nada
A classe média é que vive estressada
Junta centavos pra manter a pose
O apartamento caro e o carro zero
E o dia a dia cheio de neuroses
Ricos estão acima da existência
A classe mais perfeita e acomodada
Pois dinheiro não traz felicidade
Mas manda o caviar de madrugada
Os pobres são umas gentes conformadas
Jesus falou que todos vão pro céus
E berram nas igrejas evangélicas
E os filhos sentam no banco dos réus
A classe média e seu imposto de renda
Ô gente chata, que vive emburrada
Reclama do governo o dia inteiro
Acho que merece ser assaltada
Trocando, todo mês, de namorada
Os ricos acham na vida o paraíso
Sabem que após a morte existe o nada
Vivem a vida cheios de sorrisos
Quero ser pobre ou, então, podre de rico
Mas não da classe que vive imprensada
No eterno estágio da oligarquia
Pois ninguém é feliz nesta camada
Quero o nada, se não posso ter tudo
Restam-me os rios e a noite enluarada
Jamais terei inveja dos homens ricos
Que não podem se servir da feijoada