CAMINHOS DO MAR
Caminhos do mar
Que ao romper da alva
Desenhavam belos versos na lava
Onde o azul e esverdeado viram estrelar
Caminhos do mar
Caminhos raros e montanhosos
Caminhos profundos e ranhosos
Onde escravos nas caravelas haviam recusado
Caminhos dos sóis inconfundíveis
E reluzentes nos duros nós
À bordo, que antigamente sem voz
Os gritos dos negros eram inaudíveis...
Caminhos do mar
Caminhos dos azuis dos céus
E dos exóticos sonhos seus
Que agora os terei de amar
Caminhos do mar
Caminhos onde meu âmago
Trilhou e perdurou do amargo
Vindo dos famintos à pescar
Caminhos dos mares
Que aos humílimos pescadores
Iluminou e dos peixes ansiados de horrores
Como dos pobres de cobres quiseram azares
Caminhos do mar
Caminhos da luta à certeza
Caminhos da gentileza
Caminhos para então se amar
Caminhos do mar
Caminhos dos flamingos
Caminhos dos saborosos figos
Caminhos dos amigos do amor
Caminhos do mar
Caminhos das Acácias Rubras
Em cujas praias sem sombras
Soltavam-se letras no meu pensar...
Escrito dia 28 de Março de 2007, em Benguela.