Desejo

I

Possível ou impossível,

O desejo realizar?

O impossível me vem,

Quando o meu desejo, não gesta encontro.

Quando ele, apenas, dói, dói...

Como impotência de satisfação.

Impotência que mata.

Pouco a pouco, pois a realização do desejo,

Depende de outrem, que não sou capaz de identificar.

Ou, do imediatismo da minha imaturidade,

Que só entende o prazer como gozo.

II

O desejo é o possível,

Do encontro pleno com alguma coisa ou alguém.

Desejo que gesta encontro,

Porque o meu desejar é seu também.

III

Sou feito de potência e desejo.

Por eles pergunto, quem sou?

Sou Maria ou sou João – sei me nomear, por isso eu respondo, de pronto.

Maria ou João é quem sou, eu sei,

Mas, continuo a me perguntar, quem sou?

E tantas respostas me vêm.

Sou alegre e sou triste, vascaíno, flamenguista, feliz, forte, aprendiz...

Mas, a pergunta persiste,

Até, que...

Sou meu desejo,

Que vem junto com o (seu) objeto.

Uma coisa ou alguém.

Cheio de flexibilidade para de objeto mudar,

Se assim me interessar e meu desejo mandar

Saber-potência que empurra, de desejo em desejo,

Em busca da realização – pouquinho aqui, qual coisa acolá.

Mas, sempre a realizar, porque desejo madura sabe a satisfação negociar.

(o gozo é a realização imatura do desejo, próprio do desejo infantil e é ele que está por trás de tantas atitudes que pessoas bem sucedidas em outras áreas da vida e com condições que lhe dariam todas as possibilidades de serem felizes nas relações, fazem deles o motivo para a destruição de duas vidas. Quem realiza o desejo, somente, através do gozo, tudo quer, por isso não é eficiente para realizar escolhas que tragam prazer, realmente, porque esse, depois que passa – se passar - permanece, pela a afirmação pessoal, de sentir que fez a coisa certa, trazendo prazer.

Francisca de Assis Rocha Alves
Enviado por Francisca de Assis Rocha Alves em 03/05/2013
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