Inspirado em Miragem
Inspirado em Miragem
Uma canção me dizia:
“Eu não sei dizer, nada por dizer, então eu escuto”
Eu escuto...
E fui beber nas fontes pra saciar minha sede...
E esperei do amor alívio imediato à dor...
Encontrei em versos soltos
Muitos sofrimentos rotos.
Corações em andrajos a chorar as próprias dores...
Solidão repleta na multidão das ruas...
Vozes gritando para surdos
E o amor se derramando,
Como canos furados em ruas escuras...
Tantas águas desperdiçadas
Jorrando amor pelas calçadas nuas...
Tanta gente a morrer de sede...
Tantos corações desertos...
Tantos beijos sonhados...
Tantos afetos por afetar a quem deveriam...
Mais do que rotas mal traçadas
Setas destinadas a nada...
Porque ficam sem resposta.
Não atingem o alvo e ferem a quem as atira...
Vidas que parecem sem rumo e apenas dor...
Se não fora um sentimento que insiste em acreditar,
Se não fora uma esperança tamanha...
Melhor seria não amar,
Não sentir,
Não viver,
E se perder
Num aparente vazio...
Mas não posso acreditar
Que a semente sã que eu nem fiz plantar
Tenha nascido em vão!
Não posso!
Sigo em frente!
O corpo pode estar doente...
Mas o espírito é são!
(Inspirado no poema do meu Amigo Antônio Ayrton: “ Miragem”)
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